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ORIGEM DO REISADO

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   "O Reisado tem origem na África, no Egito. As primeiras manifestações se deram em uma festa egípcia chamada de Festa do Sol Invencível, comemorada em 6 de janeiro e considerada uma festa profano-religiosa. Essa data, no calendário do catolicismo, é celebrado a Epifania, dia em que Jesus Cristo se manifesta a todos os povos. Na tradição, essa data foi o dia que os Três Reis Magos do Oriente, Baltazar, Melchior e Gaspar (Mts 2), enquanto sábios, representando toda a humanidade daquela época, chegaram a Jerusalém para visitar o Menino Jesus e perguntaram ao Rei Herodes: "Onde está o Rei dos Judeus, recém-nascido? Vimos sua estrela e viemos adorá-lo". Traziam presentes para ofertar ao Menino Jesus: ouro, incenso e mirra, simbolizando a realeza, a divindade e a imortalidade do novo Rei. Para os judeus, não poderia existir um Deus, que seja de todo o mundo. Herodes logo tramou, disse aos Magos, que ao retornarem dessem notícias sobre o Menino. Os Magos não retornaram com a informação e o Rei determinou que todos os meninos de Jerusalém com idade até dois anos, seriam mortos. Esse foi o primeiro atentado de morte contra Jesus Cristo e ele escapou.

   Na Europa o dia 6 de janeiro passou a ser a data comemorativa católica mais importante do que o próprio Natal em 25 de dezembro, fixado como dia do nascimento de Jesus Cristo. E foi de lá que o Reisado chegou à América-Latina, através da Espanha e de Portugal. “Na Europa inteira é feriado no Dia de Reis”.     

   No Brasil, o Reisado foi trazido por Portugal e se espalhou pelas regiões com muitas variedades, se adaptando às diversas culturas dos povos de cada localidade.

   No Nordeste o Reisado vai se misturando às culturas afrobrasileira, indígenas e europeias que se juntam aos tambores e aos benditos ritmados pelo: zabumba, violão, ganzá, agogô, pandeiro e triângulo. São instrumentos utilizados em terreiros e igrejas cristãs, o que revela o encontro da Umbanda, do Candomblé, do catolicismo e o indígena.

    No Pici, bairro de Fortaleza, até a década de 1980, o Reisado de porta em porta era “tirado” por grupos de jovens da Igreja Católica e por um grupo de pessoas negras, de terreiro, que migraram de Iguatu, no Ceará. Na década de 1990, a Comunidade Eclesial de Base Frei Tito, transforma a Escolinha, em Espaço Cultural e vai pesquisar entre os moradores do Pici, o que conhecem de cultura popular. Dessa forma, foi encontrado o Reisado do interior do Ceará, adormecido no espaço urbano na mente e no coração das senhoras que viveram da infância e a juventude ouvindo e cantando músicas de reisado.

O REISADO NO BRASIL

   Luís da Câmara Cascudo, no seu Dicionário do folclore brasileiro, diz que Reisado é a denominação erudita para os grupos que cantam e dançam na véspera e Dia de Reis.

    O Reisado chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses, que ainda conservam a tradição em suas pequenas aldeias, celebrando o nascimento do Menino Jesus. Em Portugal é conhecido como Reisada ou Reseiro.

   No Brasil é uma espécie de revista popular, recheada de histórias folclóricas, mas sua essência continua a mesma, com uma mistura de temas sacros e profanos.

  O Reisado é formado por um grupo de músicos, cantores e dançarinos que percorrem as ruas das cidades e até propriedades rurais, de porta em porta, anunciando a chegada do Messias, pedindo prendas e fazendo louvações aos donos das casas por onde passam.

    A denominação de Reisado persiste ainda em Alagoas, Sergipe e Bahia. Em diversas outras regiões o folguedo é chamado de Bumba-meu-boi, Boi de Reis, Boi-Bumbá ou simplesmente, Boi. Em São Paulo é conhecido como Folia de Reis, onde a festa é composta de apresentações de grupos de músicos e cantores, todos com roupas coloridas, entoando versos sobre o nascimento de Jesus Cristo, liderados por um mestre. Fazem parte do espetáculo os “entremeios” (corruptela de entremezes), pequenas encenações dramáticas que são intercaladas com a execução de peças, embaixadas e batalhas. Os personagens são tipos humanos ou animais e seres fantásticos humanizados, cheios de energia e determinação.

O folguedo do ciclo natalino é comemorado em várias regiões brasileiras, principalmente no Norte e Nordeste, onde ganhou cores, formas e sons regionais. Em Alagoas, constitui-se numa representação dramática, normalmente curta e pobre de enredo, acompanhada e precedida de canto. Em Sergipe, é apresentado em qualquer época do ano e não apenas nas festas de Natal e Reis. Os temas de seu enredo variam de acordo com o lugar e o período em que são encenados: amor, guerra, religião, entre outros. O Reisado apresenta diversas modalidades e é composto de várias partes: a abertura ou abrição de porta; entrada; louvação ao Divino; chamadas do rei; peças de sala; danças; guerra; as sortes; encerramento da função.

  A música no Reisado está sempre presente. O Mestre é o solista, sendo respondido pelo coro a duas vozes. Os instrumentos utilizados alternadamente são: a sanfona, o tambor, a zabumba, a viola, a rebeca ou violão, o ganzá, pandeiros, pífanos e os “maracás”, chocalhos feitos de lata, enfeitados com fitas coloridas. Há uma grande variedade de passos nas danças do Reisado, entre os quais pode-se destacar: do Gingá, onde os figurantes de cócoras se balançam e gingam; da Maquila, um pulo pequeno com as pernas cruzadas e balanços alternados do corpo para os lados, passo também exibido pelos caboclinhos; Corrupio, movimento de pião com o calcanhar esquerdo; Encruzado, cruzando-se as pernas ora a direita à frente da esquerda, ora ao contrário. Tem como personagens principais o Mestre, o Rei e a Rainha, o Contramestre, os Mateus, a Catirina, figuras e moleques. O Mestre é o regente do espetáculo. Utilizando apitos, gestos e ordens, comanda a entrada e saída de peças e o andamento das execuções musicais. Usa um chapéu forrado de cetim, de aba dobrada na testa (como o dos cangaceiros), adornado com muitos espelhinhos, bordados dourados e flores artificiais, de onde pendem fitas compridas de várias cores; saiote de cetim ou cetineta de cores vivas, até a altura dos joelhos, enfeitado com gregas e galões, tendo por baixo saia branca, com babados; blusa, peitoral e capa.

  O traje do Rei deve ser mais bonito e enfeitado. Veste saiote ou calção e blusa de mangas compridas de cores iguais, peitoral, manto de cores diferentes em tecido brilhante (cetim ou laquê);calça sapato tênis (tipo conga), meiões coloridos e na cabeça uma coroa feita nos moldes das dos reis ocidentais, semelhante a das outras figuras, porém encimada por uma cruz; levam nas mãos uma espada e, às vezes, também um cetro. Durante o cortejo os Reis vêm na frente, logo atrás do Mestre e do Contramestre. A Rainha é representada por uma menina, com vestido “de festa”, branco ou rosa, uma coroa na cabeça e um ramalhete de flores nas mãos.O Contramestre é o responsável pelo Reisado na ausência do Mestre. Seu traje é semelhante ao daquele, só que menos pomposo.  Os Mateus, que sempre aparecem em dupla, usam trajes diferentes dos outros figurantes: veste paletós e calças de tecido xadrez, usam um grande chapéu afunilado que chamam de cafuringa, com espelhos e fitas coloridas, óculos escuros, rosto pintado de preto, geralmente com tisna de panela ou vaselina e levam nas mãos os pandeiros. São os personagens cômicos do Reisado, junto com a Catirina. Conhecida antigamente como Lica, a Catirina é a noiva do Mateus. Veste-se de preto, traz um pano amarrado na cabeça, o rosto pintado de preto e um chicote nas mãos, com o qual corre atrás das moças e crianças.

  As outras figuras formam o coro do Reisado, que participam ativamente apenas nas batalhas, nas danças e no canto, quando respondem ao solo do mestre. Formam duas fileiras simétricas, organizadas hierarquicamente e posicionadas uma do lado direito outra do lado esquerdo do Mestre. É uma das tradições populares mais ricas e apreciadas do folclore brasileiro, principalmente na região Nordeste.

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